A cirurgia bariátrica é uma intervenção cada vez mais comum para tratamento da obesidade e suas consequências. Entretanto, algumas dúvidas podem surgir em relação a essa cirurgia, principalmente no que diz respeito à retirada da vesícula. Será que é possível realizar as duas cirurgias juntas? Vamos entender melhor.
Bariátrica e pedra na vesícula: qual a relação?
Entre os pacientes que perdem um peso significativo, seja por meio de tratamento clínico ou cirurgia bariátrica, é comum que cerca de 20% a 25% desenvolvam pedras na vesícula. Essas pedras se formam pelo acúmulo de colesterol, que se deposita na vesícula durante o processo de eliminação do peso. Assim, o colesterol, que o fígado elimina e sai pelo intestino, pode se acumular na vesícula, formando o chamado “barro biliar”. Com o tempo, esse acúmulo pode se solidificar e formar pedras.
No entanto, é importante ressaltar que a presença de pedras na vesícula não é uma condição comum a todos os pacientes submetidos à cirurgia bariátrica. Apenas uma minoria desenvolve essa complicação. Além disso, detectamos o surgimento de pedras precocemente e existem opções de tratamento não cirúrgico, como o uso de medicamentos, que podem dissolver as pedras em até 70% a 80% dos casos.
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Quando preciso retirar a vesícula?
Diante desse contexto, a retirada da vesícula não é uma medida que deve-se adotar rotineiramente durante a cirurgia bariátrica. A vesícula é um órgão importante no processo digestivo, responsável por armazenar e liberar a bile produzida pelo fígado. No entanto, se a vesícula não está causando problemas ou sintomas, não há necessidade de removê-la.
Normalmente, a indicação para a retirada da vesícula se faz quando o paciente já possui pedras antes da cirurgia bariátrica ou quando os sintomas associados à sua presença são severos e comprometem a qualidade de vida. Nesses casos, o médico pode optar por realizar a cirurgia da vesícula antes, junto com a bariátrica, ou esperar um tempo para que o paciente perca peso e, posteriormente, proceder com a remoção do órgão.
É importante destacar que a realização das duas cirurgias juntas pode aumentar o risco e a complexidade do procedimento. Embora ambas sejam consideradas cirurgias de grande porte, a combinação delas se transforma em uma cirurgia ainda mais invasiva. Por isso, em muitos casos, os médicos preferem esperar o paciente emagrecer um pouco antes de realizar a cirurgia da vesícula.
Cirurgia bariátrica e retirada da vesícula: e quem já possui pedra na vesícula?
Para aqueles que já possuem pedras na vesícula antes da cirurgia bariátrica, a recomendação é sempre conversar com o médico responsável. Ele avaliará cada caso individualmente e indicará a melhor abordagem. Em alguns casos, é possível realizar a cirurgia da vesícula antes da bariátrica, ou, se for possível, fazer ambas no mesmo procedimento. Caso não seja viável fazer as duas cirurgias juntas, geralmente a retirada da vesícula é programada para ser realizada alguns meses após a perda de peso.
Concluindo, a retirada da vesícula não é uma etapa obrigatória da cirurgia bariátrica. Apenas uma parcela reduzida de pacientes desenvolve pedras na vesícula após o emagrecimento significativo. Quando identificamos a presença de pedras precocemente, existem opções de tratamento não cirúrgico disponíveis. A decisão de retirar a vesícula deve basear-se em sintomas, riscos e benefícios individuais, sempre sendo discutida com o médico especialista.
Nesse sentido, é fundamental contar com um acompanhamento médico adequado durante todo o processo, permitindo uma avaliação personalizada e uma abordagem adequada para o seu caso específico. Sendo assim, o mais importante é garantir a segurança e o bem-estar do paciente, evitando intervenções desnecessárias.